domingo, 2 de março de 2008

Uma Pedagogia do elogio?

Ora cá está um texto que tem tudo a ver com a minha postura de vida, enquanto pessoa e profissional da educação...

Curiosamente numa pequena Formação a que assisti (com bastante agrado), dirigida pela Prof. DR. Maria Alfredo (Universidade do Minho), foi abordado o principio da positividade para a avaliação do desempenho docente.

"A capacidade de reconhecer e celebrar o bom desempenho dos alunos (ou dos professores), a prática de descobrir e valorizar as pequenas coisas que se fazem bem, a atenção às atitudes de humanismo, solidariedade e responsabilidade são os ingredientes fundamentais de uma boa relação pedagógica, preditora poderosa do sucesso educativo.

E uma pedagogia do elogio é tanto mais necessária quanto parece não ocupar grande centralidade nas práticas educativas. A censura e a sanção, as chamadas de atenção face a comportamentos indesejáveis são muito mais frequentes do que as práticas de saudação, de gratificação e de elogio.
Nesta construção de uma pedagogia do elogio retenhamos seis princípios estruturantes:

Princípio da oportunidade – o sentido de oportunidade é muito importante quando se pretende reforçar positivamente determinada acção ou resultado. Deve ser na hora certa que o elogio se enuncia e manifesta.

Princípio da sinceridade – o elogio não pode ser forçado; quem o pratica tem de estar realmente convencido do mérito do que viu e agir então em conformidade. Um elogio mentiroso é contraproducente.

Princípio da especificidade – quando elogia especifique o motivo da satisfação para assim reforçar positivamente o comportamento.

Princípio da pessoalidade – elogiar frente a frente, olhos nos olhos; mas também nos trabalhos que os alunos realizam.

Princípio da positividade – não estrague o elogio com um “mas” que o destrói; concentre-se nos elementos positivos da acção, “esqueça” os secundários menos positivos e guarde-os para outra oportunidade.

Princípio da pró-actividade – use o elogio para reforçar positivamente a acção e para expressar expectativas elevadas para a realização das actividades futuras.

Todos os dias poderemos encontrar reais motivos para elogiar. E seremos melhores fazendo os outros acreditar nas suas potencialidades. São pequenos gestos, pequenos passos que muito podem significar."

Correio da Educação, 2005

José Matias Alves

4 comentários:

tsiwari disse...

Enquanto DT, e isto vale o que vale, sempre tinha algo de positivo a dizer aos Pais/EE sobre os seus educandos.

Enquanto PCE sempre recebi os Pais/EE, aquando de procedimentos disciplinares, começando com um : " A/O sua/seu educanda/a não é pior que qual outro que por aqui anda. Está, neste momento, a precisar de ajuda e, se calhar, nós podemos ajudá-la/o a perceber isso..."

Sempre refutei o discurso pela negativa. Nunca combati abandonos nem insucessos. Sempre procurei promover inclusões e sucessos...

Vamos melhor, acredito, se formos por aí.

;)) boa semana.

P.S. - A 8, passas por Lx?

Raquel Alves disse...

No contexto actual, não me revejo neste tipo de manifestações..Acho que está tudo empolado de parte a parte.A Ministra é inábil mas, os professores também não demonstram postura, inteligência...Penso viver o dia 8 de forma mais útil.
bj e boa semana também para ti.

tsiwari disse...

O meu recado na Manifestação é apenas um : não se consegue, de forma nenhuma, trabalhar desta maneira atabalhoada. Há que parar para pensar.

E só o posso dizer desse jeito. Não concordo com esta forma de conduzir "as coisas". E tenho vontade de o dizer. ;)


[Claro que reconheço alguns excessos do lado dos docentes. Mas não é suposto estarmos entre iguais - docentes / Ministério. Eles têm forçosamente outras responsabilidades...logo, espera-se outro tipo de comportamentos. Têm também muitos excessos. Chama-lhes inabilidades... eu rotulo-os de incompetência. E é isso que me leva à capital.]

Raquel Alves disse...

Concordo plenamente com o que dizes. Esta "diarreia" de leis, juntamente com o atropelo de prazos, a falta de reflexão e de maturação é completamente anormal.Mas, por outro lado, o luto dos professores, o acenar de lenços brancos (que me faz lembrar Fátima),os ridículos cartões vermelhos futebolísticos, o discurso dos sindicatos, não são a forma de fazer valer as minhas ideias.Penso que textos bem articulados como o que foi enviado pelo teu Agrupamento,são sim a voz dos docentes...Mas, já fui a muitas manifestações!Ainda sou sindicalizada!...:)