sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

SOLIDARIEDADE


A imagem "http://www.plenarinho.gov.br/noticias/imagens/celso-oliveira-foto-1" não pode ser mostrada, porque contém erros.A princípio, busca-se definir “solidariedade” enquanto qualidade de solidário; laço ou vínculo recíproco de pessoas ou coisas independentes; adesão ou apoio à causa, empresa, princípio, etc., de outrem; sentido moral que vincula o indivíduo à vida, aos interesses e às responsabilidades dum grupo social, duma nação, ou da própria humanidade; relação de responsabilidade entre pessoas unidas por interesses comuns, de maneira que cada elemento do grupo se sinta na obrigação moral de apoiar o(s) outro(s): solidariedade de classe; sentimento de quem é solidário; dependência recíproca. (Dicionário Eletrônico, 1995)

Ouvimos falar do termo, vimo-lo publicitado, ouvimo-lo na Igreja, apelamos para que o sejam e…vamos vendo, sentindo e tentando essa solidariedade. Os nossos valores morais e a responsabilidade enquanto cidadãos fazem anular algum do nosso egoísmo e ficar sensíveis ao outro. Aí, perdoem-me os ateus, acho que o Cristianismo, com todos os defeitos que lhe poderão apontar, transmitiu-nos essa preocupação, moldou-nos o carácter.
Dizemos frequenteme
nte que o mundo mudou e já não é como no passado, as pessoas não desenvolvem bons sentimentos de inter-ajuda. Concordo! Mas…há povos que com a guerra e a luta pela sobrevivência , mataram o conceito de solidariedade.

Fiquei deveras admirada com episódios que a minha amiga Ana e o seu marido (Pedro) me relataram de Angola. Solidariedade?...o que é isso?...Dá dinheiro?...

“Um carro percorre uma estrada (das que há por lá, cheia de buracos, lama, sem indicações…). A criançada vê o carro, vai a correr e oferece-se para indicar o melhor caminho (a troco de dinheiro). Se a pessoa (muitas vezes por desconhecimento) prescinde da ajuda, a criançada vem a correr atrás do carro para ver onde o mesmo se vai atolar. Quando o motorista fica em apuros, parado e aflito, os miúdos param a ver .Ficam à espera que o condutor os chame e lhes dê dinheiro para ser ajudado.
Enquanto isso, pode vir um carro no sentido contrário e ter que ficar parado por não poder passar, por causa do incidente. Esse ficará a assistir à aflição do outro condutor.
Fica tudo parado a olhar. Só ajudarão se forem pagos!”

Um país em guerra durante tantos anos, matou física e espiritualmente a sua descendência e deixou por herança, muitos velhos sós, mães sem saber ser mães, as crianças sem oportunidade de ser crianças, não foram passadas tradições, saberes, valores. O povo não sabe o que é viver …foi desenvolvido o instinto de sobrevivência, sem escrúpulos…e, não será compreensível?

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Palavras/desabafo

As palavras são, para mim, uma força poderosa. Por isso, guardei, todas as cartas de amor, os postais que meu pai me escreveu, os bilhetinhos dos amigos e, saboreio as dedicatórias dos livros oferecidos. As palavras escritas perpetuam-se no tempo...e eu, outrora reservada e tímida, escudei-me nelas para me expressar. Hoje, tornei-me faladora sem me ter tornado propriamente extrovertida, mas, as palavras, continuam a ser importantes. E, a poesia é, por excelência, a forma mais musical e precisa de exprimir, por poucas palavras, grandes mensagens.
Hoje, quando ouço as palavras, gosto de olhar os rostos, consigo ouvir muito mais, "visto" as palavras que me dirigem com a "roupa" da expressão, do olhar... Que leitura magnífica! Mas, nem sempre as leituras da oralidade me agradam. Às vezes sinto-me ferida, fulminada, baleada, tratada como parva...E, há rostos tão bonitos, quase angelicais, dos quais não esperava que do azul do olhar me ferissem e, da boca de sorrisos disparassem palavras/bala.
Prefiro, realmente, continuar a ler poesia, regar a alma de bem, fazer das palavras, sementes de alegria, pontos de ligação...

Há Palavras que nos beijam

Há palavras que nos beijam
Como se tivessem boca.
Palavras de amor, de esperança,
De imenso amor, de esperança louca.

Palavras nuas que beijas
Quando a noite perde o rosto;
Palavras que se recusam
Aos muros de teu desgosto.

De repente coloridas
Entre palavras sem cor,
Esperadas inesperadas
Como a poesia ou o amor.

(O nome de quem se ama
Letra a letra revelado
No mármore distraído
No papel abandonado.)

Palavras que nos transportam
Aonde a noite é mais forte,
Ao silêncio dos amantes
Abraçados contra a morte.

Alexandre O`Neill (No Reino da Dinamarca)

Palavras deliciosas

Cheguei a Sobrado em Setembro de 2006 e, aos poucos, reparei na forma engraçada e até ternurenta como os Sobradenses aplicam diminutivos. As crianças pequenas, já se exprimem dessa forma…terá algum mal?
Trata-se de um regionalismo. Lembrei-me de consultar o Dicionário Português On-line 2007 e, verifiquei: pequenico - Adjectivo e substantivo masculinoRegionalismo: Portugal (dialetismo).pequenino Mesmo que: pequenino
É curioso...e lindo! Confesso que adoro ouvir falar com estas palavras. Há palavras que têm o poder de nos adoçar, de nos fazer sorrir, de nos acarinhar.

sábado, 19 de janeiro de 2008

injustiças...

Os bons vi sempre passar
No mundo graves tormentos;
E para mais me espantar,
Os maus vi sempre nadar
Em mar de contentamentos.
Cuidando alcançar assim
O bem tão mal ordenado,
Fui mau, mas fui castigado:
Assim que, só para mim
Anda o mundo concertado.

Luís de Camões

Há conjunturas na nossa vida, em que estas palavras de Camões traduzem bem o nosso estado de alma.

segunda-feira, 7 de janeiro de 2008

O encanto



Passou o Natal com a realidade e as memórias, iniciou-se um Ano Novo esperançoso, lembrou-se o Dia de Reis.

Segundo a tradição, termina a época natalícia. As casas despem-se dos enfeites, das luzes, dos arranjos de flores. E, a mim custa-me guardar os adornos, as velas, o pinheiro, os presépios, as caixas de música, os cartões de Boas-Festas (que cada vez são menos e trocados por mensagens via telemóvel), os marcadores de mesa, o “programa”da noite de Natal com os poemas, os cânticos e as leituras Bíblicas (correspondentes ao Nascimento de Cristo) que, partilhamos antes do Jantar de Natal, à luz das velas, no quentinho da casa. Custa-me arrumar os CDs de música que se ouvem nesta época…músicas que ouço desde pequenina, enquanto embrulhava com o meu pai, os presentes para oferecer aos amigos.
Quanta saudade!...quanta fé! esperamos, sempre, vir a abrir essas caixas cheias de objectos natalícios e, a encantar-mo-nos com eles como na primeira vez…

Fica a nostalgia e a esperança. E, a casa também fica mais vazia .