sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Identidade

Todos nós, sem exceção , damos uma enorme importância às nossas origens. E mesmo que tenhamos uma família fantástica que nos tenha adoptado, há a necessidade de saber a origem biológica e como se surgiu como pessoa. Claro que uns mais do que outros, mas é curioso como a minha prática profissional me veio comprovar esta importância. E muitos dos que sempre tiveram a filiação no Bilhete de Identidade, nem conseguem ver o alcance da dor daqueles que se sentem desenraizados, desconfortáveis ao  ler na sua identificação “ filho de pai incógnito” ou algo similar.
Nem sempre descobrir a nossa origem, tentar traçar uma árvore genealógica, fará de nós pessoas mais felizes. Poderá ocorrer o contrário . Mas normalmente  o sentido de pertença a um agregado familiar estrutura-nos positivamente.
Há pouco tempo um primo do meu pai, com a bela idade de 89 anos, Januário Alves, fez aquilo a que podemos designar de uma obra de arte. Desenhou de forma primorosa uma árvore genealógica desde 1868 – 2012 e colocou como título : Grande Família de Gente Boa, reunida em 6 gerações. Não posso esconder o meu deslumbramento e até emoção com tal recolha e tal quadro.
E sem duvida que senti um enorme orgulho de pertencer a esta família alargada. Ouvir as histórias dos relacionamentos desta família , da solidariedade, do apoio uns aos outros, do sentido de clã,  do esforço, do trabalho, da inter ajuda deixa-me emocionada. Como é bom pertencer a estes antepassados. A história de vida do meu pai vem complementar de forma viva e exemplar, toda esta visão positiva que tenho dos “ALVES”. O que me orgulha não é o nome em si, não tem nada de extraordinário, nem tão pouco  brasonado. O que há de extraordinário é sim o exemplo de gente de bem, com caracter. Gente que foi multiplicando os “Alves”, transmitindo , talvez mesmo pelo sangue, esta forma exemplar de estar na vida e construir uma família...em amor, porque o amor também se cuida e constroi.
Nunca mudei o meu sobre nome de família e hoje ainda me sinto mais orgulhosa por isso. Nunca imaginei ver o meu lar destruído, mas já que isso aconteceu, que bom que os meus filhos são “ALVES” e pertencem a  esta teia de relações estruturadas, um forte sentido de família em que a felicidade passava por fazer  os outros felizes. Tenho as mais gratas recordações dos meus antepassados!

 E há pequenos sinais que nos dão identidade.