sábado, 10 de maio de 2008

Carros Eléctricos

Hoje os carros eléctricos desfilaram. Fui vê-los ao centro do Porto. Apesar do dia nublado e ventoso, vê-los a percorrer a cidade, transmite uma luminosidade especial.
Este Desfile Anual de Carros Eléctricos Históricos, é uma iniciativa instituída pelo Museu do Carro Eléctrico. Este ano, o Desfile realizou-se em dois percursos, um pela marginal, entre o Infante e o Passeio Alegre, e um segundo que percorreu o centro do Porto, partindo de Massarelos até à Batalha. O Museu seleccionou um conjunto de 15 veículos representativos da história e memórias dos transportes colectivos na cidade, desde o início do século XX até aos anos 30.

...Sou do tempo em que os eléctricos percorriam muitas ruas da cidade...passavam na Rua de Cedofeita, até passavam na Rua S. Roque da Lameira!
O meu filho andou pela primeira vez de eléctrico tinha 2 anos (Agosto de 1986) e foi da Boavista até ao Castelo do Queijo. Ele chamava-lhe o Tim-Tim. O Bilhete que paguei está guardado no seu álbum...ora vejam!
É um veículo que sempre me encantou...De tal forma que em 2002, andei a "distribuir poesia", conjuntamente com colegas e com um grupo de adolescentes institucionalizados, com quem tinhamos desenvolvido uma oficina de poesia (rudimentar).
Há transportes que nos transportam para lá da utilidade...levam-nos mais longe, além do material. Fazem do sentimento percurso obrigatório.

O Bolhão

Movimento cívico promoveu hoje uma concentração junto ao Mercado do Bolhão (Porto), para impedir a reconversão deste espaço em nova superfície comercial.
Ir à baixa portuense e olhar os edificios é desolador. O Porto parece sem alma, resultado de um ataque qualquer. As casas estão desabitadas, degradadas, grafitadas...é triste! Alguns imóveis têm fachadas lindissimas que passam pelo trabalhado do granito até aos azulejos. Mas, o Porto está praticamente habitado por população de Bairros Sociais. E os jovens que o percorrem de noite, "atacam" e vandalizam a cidade...É a teoria dos "vidros partidos", que defende a existência de uma relação directa entre a aparência de desordem, abandono e a delinquência. Gera-se um círculo vicioso, que pode começar por um vidro partido que não é reparado e é sinal de descuido, abandono, más condições. Gera-se gradualmente um processo de decadência. Quem quer habitar um Porto desabitado e vulnerável? A população de outrora, famílias trabalhadoras com algum estatuto, com cultura e formação já não habitam o velho burgo, foram substituidas por população imigrante (de África e de Leste). Instalam-se os sem-abrigo em grande numero de portas e casas degradadas...será que a solução é construir Centros comerciais?Penso que o Sr. Presidente da Câmara Rui Rio deveria dedicar-se um pouco mais à Sociologia, ao bom senso e a uma reciclagem urbana mais reflectida.