domingo, 20 de julho de 2014

Rubem Alves

O inspirador do mote do meu blogue, o admirável Rubem Alves, que até parece ser meu familiar pelo sobrenome, partiu ontem lá de Campinas - Brasil, para uma eternidade qualquer fora da terra. Fica semeado em muitos corações, também no meu, e ele nem sabe disso!
Sinto-me empobrecida, profundamente comovida ao escrever estas poucas palavras. Há pessoas assim que tocam os outros. 
O meu querido Rubem desfez os anos todos e voou...

sábado, 12 de julho de 2014

Psicodrama

Às vezes é assim...sem saber bem o que era, inscrevi-me nesta ação que foi promovida no ambiente escolar à laia de formação.
Gosto de aspetos relacionados com o psiquismo, as emoções, a complexidade do nosso ser e dos outros.
Foi assim que me vi envolvida numa ação de Psicodrama.
Só no dia conheci tal definição.
Psicodrama é uma psicoterapia de grupo, em que a representação dramática é usada como núcleo de abordagem e exploração da psique humana e seus vínculos emocionais. Foi desenvolvida por Moreno, no século passado(1925) e, tem sido desenvolvida da forma como os seguidores se apropriam de tal conceito. Assim este procedimento dramático em que me vi envolvida, orientado pelo médico psiquiátrico e psicoterapeuta, Dr. Luciano Moura, visava fazer viver uma simulada sessão de Psicodrama, procedimento dramático como atuação terapeutica, em que se pretendia proporcionar ao grupo uma liberdade que nos permitisse sentir uma atemporalidade do imaginário. Para este momento foi escolhido um Protagonista com base na sua história de vida (imaginária). Pois...e foi aí que eu entrei ativamente. Fui escolhida pelo grupo (cerca de 20 pessoas) como tal. Dizer que fiquei "assustada" é simplesmente partilhar aqui o que senti naquele momento. Depois envolvi-me na dinâmica e passaram cerca de 2 horas sem que eu desse por isso! Todo aquele contexto, em que são utilizados uma série de instrumentos e fases pretende que o protagonista encontre espontaneamente novas soluções de vida. Foi uma experiência enriquecedora...aprendi também a descentrar-me de mim e a ver-me de fora de mim própria.Sem duvida que na nossa vida a nossa capacidade de agir de modo "adequado" perante novas situações, cria uma resposta inédita e transformadora de situações preestabelecidas.

sexta-feira, 4 de julho de 2014

العربية في قلب *


A sanjoanina história de encantar sobradense deixou o meu coração à mercê de Bugios e Mourisqueiros. E de terras de além mar, com o rendilhado da escrita, a doçura de um francês pausadamente falado, conheci um genuino mourisqueiro, sem espada nem roupa riscada, mas com a cor e o sabor das tâmaras africanas. Arrebatou o meu coração, preencheu-o de arabescos de amor, qual filigrana! E eu quero debruar a minha vida com esses arabescos como as rendas da minha avó Inês debruaram  os meus lençóis. Porque os mourisqueiros já não habitam a serra! Há um que habita o meu coração.

*àrabe no coração


"Não é tão fácil como se crê ser um egoísta puro, e ninguém, sendo-o, alguma vez triunfou."


Ortega e Gasset

sábado, 21 de junho de 2014

50 pessoas...CLÁUDIO SILVA ALVES


Pai...
não basta dizer pai. É o meu querido pai!
O passar do tempo, a vida e os seus embates, as alegrias e os sofrimentos fizeram de facto identificar genuinidades, bondades, presenças valiosas. E se o meu pai era valioso a sua importancia reforçou-se na minha vida, pela postura e sobretudo pelo enorme afeto e amor.
Torna-se desafiante e muito, mas muito dificil, escrever sobre um pai assim, que impactou a vida de muita gente e a minha em especial. Uma criatura escrever sobre um dos seus criadores é intimidante. Qualquer abordagem à sua pessoa nunca ficará ao nivel do seu valor como pai, da sua presença positivamente marcante, do que é como referencia, como bondade.E não estou a exagerar!!!!!
O meu pai...
Fosse eu criança e diria que é fantástico, espetacular!
Sendo eu já adulta direi que continua uma presença importante. A idade fez-me analisar ao detalhe os momentos da sua vida e dar-lhe um valor enorme. Como é que um pequenino orfão de três anos com tuberculose resistiu à doença, a uma vida humilde, uma família simples e se empenhou para alcançar uma vida equilibrada, prosseguindo estudos, buscando sempre aperfeiçoar conhecimentos e alcançar profissionalmente cargos de topo, a par de um desenvolvimento académico, religioso e cultural de realce?
É de facto extraordinário! em vez de ser revoltado pela infância dificil , vaidoso pelos seus conseguimentos, descrente, convencido pelas capacidades demonstradas  ...encontramos um homem sensível, honesto, vertical, com fé, simples, altruista, bom.
Lembro-me com muita saudade do meu lar de criança, da relação amorosa que teve com a minha mãe e da enorme intimidade entre os três. Foi um pai muito engraçado e brincalhão. Da sua postura, agora ainda mais sábia, guardei algumas máximas que me estruturaram como pessoa de bem.

 "Não quero que sejas a melhor, quero que saibas!"
 "Mais bem aventurada coisa é dar do que receber"
 "Em tudo sede agradecidos"
 "É sempre melhor falar a verdade...até porque mentir dá mais trabalho, tem que se fixar a mentira!"
"Não se ponha o sol sobre a vossa ira"

Tendo  ficado sem mãe há dezoito anos foi uma benção continuar a ter o meu pai. Continuo a achar que a vida lhe pregou muitas partidas e que por vezes merecia melhor sorte mas...se ele aceita a vontade de Deus, quem sou eu para questionar? Apenas guardo os meus pensamentos e admiro a sua capacidade de aceitação e submissão ao divino.
Já lhe disse múltiplas vezes que um pai assim devia ter tido mais filhos!
Tenho um grande orgulho nele! Não sendo perfeito é um exemplo de vida! Cruzo-me frequentemente com gente que lhe tece os maiores louvores. Fico deliciada e vaidosa.Que pai!
O meu querido pai!

segunda-feira, 17 de março de 2014

Sepulcros

Os cemitérios são sempre locais em que se sente a contradição. Sentimos a paz num local de decomposição. Foi este msto de sentimentos que me afastou dos cemitérios, sobretudo após a morte da minha mãe. Talvez por isso deixei de lembrar a data da morte de quem amo para me lembrar da data do aniversário de nascmento, perpetuando assim uma presença desse alguém, que  continua a envelhecer ao meu lado.
Mas ontem o meu pai lembrou-me que a minha mãe partiu há 18 anos. Incrível!..e quanta falta me faz!
E foi assim pensando em sepulcros que me lembrei do cemitério que recentemente visitei em Monastir. Transmite, sem duvida, a mesma paz...talvez mais, pela candura dos tumulos que se expoem em simplicidade numa alvura  sem nada mais a preenche-los. Todos orientados para Meca. Há um ritualismo muito forte ligado ao funeral islâmico. Mas no meio do cemitério, entre tumulos, terra, palmeiras, a brisa e um pouco de sol...o que se sente é esse bem estar estranho de sossego. Nas sepulturas não podem ser colocadas lamparinas ou flores ou até adornos. Mas algo me chamou a atenção. Muitas delas tinham um pequeno circulo, às vezes com certa profundidade. Para que seria? Deram-me uma explicação muito bonita...é para por sementes para os pássaros, para que  eles desçam, poisem e se alimentem...É sem duvida um local mais natural, menos sofisticado que os cemitérios ocidentais. Senti-me bem ali!

sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Identidade

Todos nós, sem exceção , damos uma enorme importância às nossas origens. E mesmo que tenhamos uma família fantástica que nos tenha adoptado, há a necessidade de saber a origem biológica e como se surgiu como pessoa. Claro que uns mais do que outros, mas é curioso como a minha prática profissional me veio comprovar esta importância. E muitos dos que sempre tiveram a filiação no Bilhete de Identidade, nem conseguem ver o alcance da dor daqueles que se sentem desenraizados, desconfortáveis ao  ler na sua identificação “ filho de pai incógnito” ou algo similar.
Nem sempre descobrir a nossa origem, tentar traçar uma árvore genealógica, fará de nós pessoas mais felizes. Poderá ocorrer o contrário . Mas normalmente  o sentido de pertença a um agregado familiar estrutura-nos positivamente.
Há pouco tempo um primo do meu pai, com a bela idade de 89 anos, Januário Alves, fez aquilo a que podemos designar de uma obra de arte. Desenhou de forma primorosa uma árvore genealógica desde 1868 – 2012 e colocou como título : Grande Família de Gente Boa, reunida em 6 gerações. Não posso esconder o meu deslumbramento e até emoção com tal recolha e tal quadro.
E sem duvida que senti um enorme orgulho de pertencer a esta família alargada. Ouvir as histórias dos relacionamentos desta família , da solidariedade, do apoio uns aos outros, do sentido de clã,  do esforço, do trabalho, da inter ajuda deixa-me emocionada. Como é bom pertencer a estes antepassados. A história de vida do meu pai vem complementar de forma viva e exemplar, toda esta visão positiva que tenho dos “ALVES”. O que me orgulha não é o nome em si, não tem nada de extraordinário, nem tão pouco  brasonado. O que há de extraordinário é sim o exemplo de gente de bem, com caracter. Gente que foi multiplicando os “Alves”, transmitindo , talvez mesmo pelo sangue, esta forma exemplar de estar na vida e construir uma família...em amor, porque o amor também se cuida e constroi.
Nunca mudei o meu sobre nome de família e hoje ainda me sinto mais orgulhosa por isso. Nunca imaginei ver o meu lar destruído, mas já que isso aconteceu, que bom que os meus filhos são “ALVES” e pertencem a  esta teia de relações estruturadas, um forte sentido de família em que a felicidade passava por fazer  os outros felizes. Tenho as mais gratas recordações dos meus antepassados!

 E há pequenos sinais que nos dão identidade. 

segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Pensar que se muda!

Nesta sociedade atual há comportamentos masculinos que me surpreendem de sobremaneira. Pondo de parte a covardia direi que há uma falta de personalidade atroz nos homens que pensam ser muito certos de si mesmos ,machos e convencidos.  De repente, vai-se lá saber que metamorfose mental lhes dá, descaracterizam-se ou despersonalizam-se. “Apaixonam-se” sempre por mulheres mais novas e passam a fazer tudo o que essas mentes esclarecidas lhes propõem. Então é ve-los tipo cachorrinhos amestrados! Dá-lhes uma cegueira qualquer.Na verdade estão velhos mas acham-se uns jovens e até se convencem que fazem uma grande figorona na submissão que têm à sua companheira. Depois…ah já não querem desempenhar o papel de pais,mas normalmente, vai-se lá saber a santa ingenuidade de tais fêmeas…por azar engravidam! E é ve-los com cara de avós a fazer o papel de pais patéticos com camisas cor de rosa e tão modernos a empurrar o carrinho de bébé. Isso é que é vida! Afinal a maioria destruiu uma familia para ter uma vida completamente diferente…uau!  Nem sei se ria ou se chore! Gostava de entender esta deficiência mental que dá na mente masculina, envolvendo-se com desesperadas mulheres mais jovens à procura de macho. Todos eles se acham muito modernos e esclarecidos, olhando os restantes mortais como coitados conservadores…e todos acabam a viver as mesmas vidinhas, com mais modernices à mistura mas a mesma humanidade em variações da moda. Enfim!

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

pensamentos...

Porto, 1 janeiro de 2014.
O tempo chuvoso, o chá quente, a possibilidade de não ter horários a pressionar, o recomeço, as esperanças,a música, tudo se conjuga para uma reflexão.
E quando penso que pouco mais me pode surpreender negativamente, tive as ultimas semanas a comprovar-me o contrário. Sendo alguém que pensa e analisa…tenho pensado muito.
Descobri que a maioria das personalidades fortes de quem me rodeia são “fachadas” de inseguranças, interrogações, dificuldade em gerir emoções e decisões, pessoas com desiquilibrios, desenraizadas, em autênticos curtos-circuitos mentais…zangadas não sei bem com quê e à procura constante também não sei de quê. E essas personalidades tão fortes que por vezes parecem derrubar os outros só com breves palavras, afinal…às vezes vejo-as diante de mim a respirar fundo e a pedir um conselho.Elas que parecem dominar o mundo a solicitarem o auxílio de alguém pacato que vai aprendendo a viver sem psicólogos, sem psiquiatras, sem religiosidade, sem fármacos, sem grupos de ajuda, …quase sempre sózinha!!!!!Outras vezes essas personalidades, contraditoriamente não têm personalidade! Sim porque a honestidade e a consciencia não são pertença de todos! Há muita gente sem caracter, pretensamente "exemplar"e pronta a apontar o dedo.Também aprendi que o velho ditado "só fala quem tem que se lhe diga!" é bem verdadeiro. Normalmente quem rapidamente julga os comportamentos alheios...ui, está cravado de incoerencias, de grandes faltas de carácter mas pleno de pretensiosismo e arrogância.
Às vezes senti-me frágil, dominada, dependente, submissa, achando eu que tudo era uma personalidade fraca. Ah como estava enganada! Eu fraca?  Tenho muitas feridas que espero não as deixar agravar com o tempo, já que comigo o tempo joga ao contrário nestas questões. Tenho momentos de fraqueza, sou humana! 
Caracterizaram-me há pouco como alguém de afectos estáveis ,com  sentido de família a par de uma aceitação do outro algo invulgar (“tolerante”).Considero-me uma pessoa humilde mas humildade em demasia pode parecer falsa modéstia…e eu tenho que convir que concordo com estas adjectivações. Sendo alguém assim com esta sensibilidade, é evidente que tenho vivido muita tristeza na vida. A desilusão provoca-me um grande mal estar. Não gosto de me desiludir porque quem entra no meu coração, dificilmente de lá sai. Esse é um grave problema “cardíaco” que tenho, que em muitas situações é um enorme bem. E por isso tenho amizades de há “séculos” que me reencontram e dizem que sou de facto especial.Mas na vida não lidamos só com pessoas de bem!É pena!
Vou tendo oportunidade de conhecer gente equilibrada e bem formada Personalidades afáveis com quem sabe bem estar. Pessoas de grande formação académica mas de grande carácter e  simplicidade que não precisam estar “escudadas” numa personalidade forte que subjuga os outros. Pessoas  fantásticas que sabem valorizar o que é importante  e o lugar de cada coisa. Pessoas da minha idade que apesar do percurso de vida, de se considerarem cidadãos do mundo porque ficaram desenraizados muito jovens e viveram em diversos países. São pessoas com um discernimento enorme, com uma exemplar experiencia de mundo mas com a tranquilidade de quem constroi, quem caminha cuidando dos que consigo vão caminhando. Porque o bom e o saboroso da vida, o que lhe dá real sentido, não é definitivamente o egoísmo, o prazer pessoal, o poder, a novidade, as habilitações, o dinheiro, as propriedades, um percurso profissional brilhante, uma ânsia de ser importante, uma pseudo intelectualidade ou pseudo modernismo. O que é verdadeiramente bom na vida,seja qual for o nosso contexto, são de facto as pessoas, a família que construimos, o cuidado pelo verdadeiro amor ,a admiração reciproca, aquilo que estamos a viver com alegria e que pode também fazer os outros felizes. A ajuda que damos. As marcas positivas que deixamos nos outros. 
Antes me quero com personalidades fracas!
Oxalá 2014 seja  mais doce!