sábado, 29 de março de 2008

Por Florença...

Há muitos anos, tinha eu cerca de 10 de idade, uma estátua estava colocada num suporte , num dos cantos da sala de estar. O meu pai dizia-me que, tal escultura era um rapto...um dia numa traquinice das minhas, parti a estátua!...
Pois, passaram-se 30 anos e, quando, esta semana, na Piazza de la Signoria em Florença
vi a verdadeira estátua, fiquei imóvel.Esta escultura - O Rapto... das Sabinas, de Giambologna, em 1581 é o ponto culminante da carreira de Giambologna, que retrata um episódio lendário da época da fundação da cidade de Roma. Preocupado em povoá-la, Rómulo, criou no Capitólio um refúgio para todos os refugiados, exilados, devedores e escravos fugidos da redondeza. Como faltavam mulheres, durante uma festa, os novos habitantes raptaram todas as jovens do povo vizinho, os poderosos Sabinos.
...Foram precisos 30 anos para eu aprender tudo isto!
Ah!...comprei uma estátua do Rapto, não em mármore, nem alabastro. O valor dela está mesmo neste saudoso reviver.

sexta-feira, 21 de março de 2008

"O Suave Milagre"




É nesta altura de Páscoa que me lembro do conto de Eça de Queiróz, "O Suave Milagre".
Curiosamente a maioria das pessoas refere-o na época natalícia. Eu própria conheci-o num Natal.
Mas, parece-me completamente adequado a este momento festivo, em que, tal como no Natal, se parece esquecer a razão genuína desta comemoração, para apenas se valorizar a gastronomia.

Sendo defensora da laicidade na escola pública, não defendo a omissão da história religiosa que nos leva a estas comemorações. As tradições, a característica religiosa que formou a nossa mentalidade, grande parte dos nossos bons valores de vida, são de origem cristã. Como renegá-los?...Tal não significa promover rituais religiosos, significa informar, esclarecer...

Tive oportunidade de apresentar, na escolinha onde trabalho, um teatro de sombras com essa história de Eça. A parte sonora gravei-a antecipadamente (e, também, rudimentarmente). Mas, se quiserem podem ouvir. (O download é um pouco demorado.) Eu gosto muito da parte final!

Poesia...sempre

Hoje é dia de tanta coisa!...é dia santo, dia da floresta, inicio da Primavera, dia da poesia. De entre todos elegi a Poesia. Não sei como se começa a amar a poesia, como se ganha uma sensibilidade especial, como transformamos os nossos olhares em visões poéticas.Mas, acredito que talvez tenhamos uma semente de poesia em nós, que dependendo do tratamento que é dado pela vida, floresce, ou fica raquítica ou mesmo morre.
Tive a sorte de ter um "terreno" propício ao seu crescimento!
Hoje evoco-a pelas palavras de Teixeira de Pascoaes.

"A essência das coisas, essa verdade oculta na mentira, é de natureza poética e não cientifica. Aparece ao luar da inspiração e não à claridade fria da razão."

"A ciência e a poesia não se excluem:completam-se. A realidade é científica e poética, objectiva e subjectiva;abrange os penedos e os sonhos..."

"O inimigo da poesia não é o sábio verdadeiro, mas o pseudo-cientista, muito pedante do que imagina saber oficialmente. Está na ciência como certos indivíduos estão no mundo:em chinelos e mangas de camisa, tu-cá, tu-lá com Aristóteles..."

O meu querido Rubem Alves diz que:

" Poesia é uma qualidade do olhar"
"O poeta é um feiticeiro alquimista que cozinha o mundo nos seus versos: num simples verso cabe um universo".

Poesia?...chamemos-lhe "delicadeza da percepção do mundo", usando a expressão do poeta Voznessensky - a que torna visível o invisível (o essencial), porque exprime, não a aparência do real mas, as suas pulsões fundamentais e as suas leis mais secretas...

Falta de concentração

Se pensarmos em definir concentração, poderemos considerar a concentração de substâncias e a atenção.
Ora o episódio que vos vou contar tem a ver com isso.

O L. pergunta à professora do Jardim de infância, com um ar algo inquieto se pode ir ao quarto de banho, ao que a professora responde:
- Claro, podes ir!
- Oh professora o que é concentrar?
A professora olha-o e pergunta: Mas, porquê?
- É que me dói a pilinha e o meu avô disse-me que tenho que me concentrar para fazer chichi.


Este episódio seria completamente engraçado se a criança em causa não estivesse mesmo preocupada com o significado da palavra e se conseguísse urinar sem dor.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Que docência?

Tenho pensado muito sobre a avaliação dos professores. Parte do meu tempo tem sido a observar, a atentar nas notícias, nos debates...Mas, há muito que sinto pertencer a um grupo profissional muito diferente.

Hoje, estou cansada. Foi daqueles dias extenuantes em actividades, trabalho diversificado com as crianças, procura de material...e, é sobretudo, no final desses dias, que me sinto mais feliz e realizada. É um cansaço de satisfação!...e nestes dias sinto-me "abençoada" em ser professora.
E com este sentir me aproximo dos pensamentos de Rubem Alves, com quem me identifico:

"O ensino das ciências da educação não forma educadores...educadores nascem."
"Os pedagogos, estudados nos saberes das várias teorias sobre o ensino e aprendizagem, não são, por causa disto, educadores mais sábios. A ciência do ensino e da aprendizagem não faz melhores educadores - embora seja uma ferramenta preciosa para aqueles que já nasceram educadores."
"O que não é cientifico, não goza de respeito...sendo coisa científica, o discurso pedagógico passou a morar na feira das utilidades. De lá a palavra amor, foi expulsa. Amor não é ferramenta...Quem fala de amor é piegas e não-cientifico."

domingo, 9 de março de 2008

Uma paixão chamada Rubem Alves

Porque apesar de todo o desânimo que vejo à minha volta, da contestação dos professores, da conjuntura política, continuo a ter um olhar de esperança e vontade de construir. Por isso volto a partilhar convosco, este velho homem...Recarrega-me de força...

(cliquem no título)

A imagem "http://www.nosrevla.com/fotos/foto3.jpg" não pode ser mostrada, porque contém erros.

Tarefa do educador

"Sabe quando você tem duas taças de cristal? Elas estão em silêncio. Aí a gente bate uma na outra e elas reverberam sonoramente. Uma taça não influenciou a outra. Uma taça fez a outra emitir o som que vivia, silencioso, no seu cristal. Assim é a educação: um toque para provocar o outro a fazer soar a sua música. Essa é a teoria socrática da educação. Sócrates dizia que todos nós estamos grávidos de beleza, e que a tarefa do educador, como na história de A Bela Adormecida, é dar o beijo para despertar uma inteligência adormecida". (Rubem Alves)

Este extracto encontrei-o no Blogue "TERREAR" de José Matias Alves. Este encanto terá algo a ver com os Alves?...

quinta-feira, 6 de março de 2008

Vasos






Vaso plantado de imaginação...de sorriso florido.







Vaso plantado de esperança...de um bolbo a florescer.





Vaso partido...o nosso coração, quando murcham sementes e flores, com o passar dos dias.

Avaliação desempenho docente

Acho, há muito!... que se justificava um texto explicativo deste género. Aliás, todo o processo deveria ter começado por explicações deste género...não podemos esquecer que integramos a União Europeia e, que há uma variedade de estudos que foram efectuados.

(clique no título)

domingo, 2 de março de 2008

Uma Pedagogia do elogio?

Ora cá está um texto que tem tudo a ver com a minha postura de vida, enquanto pessoa e profissional da educação...

Curiosamente numa pequena Formação a que assisti (com bastante agrado), dirigida pela Prof. DR. Maria Alfredo (Universidade do Minho), foi abordado o principio da positividade para a avaliação do desempenho docente.

"A capacidade de reconhecer e celebrar o bom desempenho dos alunos (ou dos professores), a prática de descobrir e valorizar as pequenas coisas que se fazem bem, a atenção às atitudes de humanismo, solidariedade e responsabilidade são os ingredientes fundamentais de uma boa relação pedagógica, preditora poderosa do sucesso educativo.

E uma pedagogia do elogio é tanto mais necessária quanto parece não ocupar grande centralidade nas práticas educativas. A censura e a sanção, as chamadas de atenção face a comportamentos indesejáveis são muito mais frequentes do que as práticas de saudação, de gratificação e de elogio.
Nesta construção de uma pedagogia do elogio retenhamos seis princípios estruturantes:

Princípio da oportunidade – o sentido de oportunidade é muito importante quando se pretende reforçar positivamente determinada acção ou resultado. Deve ser na hora certa que o elogio se enuncia e manifesta.

Princípio da sinceridade – o elogio não pode ser forçado; quem o pratica tem de estar realmente convencido do mérito do que viu e agir então em conformidade. Um elogio mentiroso é contraproducente.

Princípio da especificidade – quando elogia especifique o motivo da satisfação para assim reforçar positivamente o comportamento.

Princípio da pessoalidade – elogiar frente a frente, olhos nos olhos; mas também nos trabalhos que os alunos realizam.

Princípio da positividade – não estrague o elogio com um “mas” que o destrói; concentre-se nos elementos positivos da acção, “esqueça” os secundários menos positivos e guarde-os para outra oportunidade.

Princípio da pró-actividade – use o elogio para reforçar positivamente a acção e para expressar expectativas elevadas para a realização das actividades futuras.

Todos os dias poderemos encontrar reais motivos para elogiar. E seremos melhores fazendo os outros acreditar nas suas potencialidades. São pequenos gestos, pequenos passos que muito podem significar."

Correio da Educação, 2005

José Matias Alves