sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Família


Família…tu tens?...eu perdi-a!
Cada qual tem o seu sonho de vida, de felicidade…
Nesse meu caminho da felicidade plena, estava, sem duvida, incluída a construção de uma família.
Enquanto criança, e criança feliz, fui rodeada pelos mimos familiares e as melhores aprendizagens, experiências e recordações, foram junto dos pais, dos avós…dos tios…essas partilhas em ambiente desinibido amistoso e normal. Uma família pequenina mas feliz! Uma família onde cabia todo o tipo de escolaridade, de personalidade, de pensamento, de diálogo.
Quando chegou a minha vez de ter o meu lar, com companheiro e filhos… projetei esse bem estar que tanto me estruturou como pessoa. E a família que construí(mos) com cumplicidade, parceria e amor, tinha por base bons princípios de relacionamento, de compreensão e muito afeto. E ainda houve tempo para os netos saborearem o lar dos avós!...Entretanto o inesperado aconteceu e o meu sogro e a minha mãe morreram!...Mas não foi por isso que a família terminou!...isso são partidas impostas, mas naturais, com as quais a  família, apoiando-se, tem que viver.
Mas por mais que queiramos, a família e o nosso conceito nem sempre segue o rumo que sonhamos…e estranhamente a família nuclear quebra-se.E sente-se um enorme falhanço!
 Os laços de união que podiam continuar , perdem-se…e tudo parece errado. E desta família,  o vinculo do individualismo (egoísmo) tomou posse de todo o espaço…não mais a partilha existe…nem a compreensão! O cartão de cidadão apontará sempre a filiação mas é frio e impessoal…a família e os seus relacionamentos são muito mais do que árvores genealógicas e registos burocráticos!
Hoje não tenho família no conceito de caminhada, união, abertura, partilha e mesmo AMOR.
Não tive a sorte de ter irmãos…tenho pai…não tenho mãe…sogros falecidos...sem companheiro…cunhados afastados...filhos ausentes (mesmo sem ser por opção)…netos por chegar…vida solitária...Isto é família? Poderão ser pessoas perdidas que têm semelhanças genéticas e ligações sanguíneas...talvez algum amor! 
E eu que teorizei sempre sobre o amor conjugal como aquele que percorreria toda a vida como um fio condutor estruturante e que ficaria para além do tempo por se tratar de um amor escolhido, cuidado e aconchegante!
Vivi tantos anos, até lutei, mas perdi o sonho!...é triste!
E mesmo que os netos venham…não tenho uma família para os receber…e esse era outro sonho! Oxalá a dos  companheiros dos meus filhos tenham casais de avós felizes e unidos para lhes dar esse amor familiar, algo envolvente que tive o privilégio de viver e que é uma alegria para os avós e uma aprendizagem humanista de real afeto para os pequenitos! A vida é muito mais do que prazeres imediatos, conhecimentos, vontades próprias e caprichos pessoais! O saboroso da vida é o lastro que nos é dado pelo afeto e sobretudo em família.
Tivesse eu tempo e sonho, voltava a construir uma nova família! Só assim a vida tem sentido!
Família…tu tens?...que sorte! Faz por ela o que poderes!...Fico com inveja!