sábado, 7 de maio de 2011

Dia das Mães


Desde muito pequena que me habituei a participar, no segundo domingo de Maio, numa cerimónia dedicada às Mães, que tinha (e tem) lugar na Igreja Protestante na qual a minha família se congregava. Era uma homenagem comovente em que as crianças participavam activamente. Desde a poesia, música e mímica tudo contribuía para enaltecer a figura materna.

O meu pai de flor branca na lapela.

Eu de flor vermelha na mão, bem juntinho da minha mãe.

Fui crescendo e, a dada altura, reparei que havia um outro dia da Mãe, mais celebrado entre Católicos e a sociedade em geral. Questionei-me, porquê dois dias ?…então procurei entender a razão destas celebrações separadas à mesma figura feminina e no mesmo mês de Maio.

Descobri que a ideia de instituir tal dia, partiu de Anna Jarvis. Anna M. Jarvis nasceu no dia 1 de Maio de 1864, em Webster, West Virginia, nos Estados Unidos.

Em 1905, quando a sua mãe morreu, chamou a atenção na igreja de Grafton para a importância de criar um dia especialmente dedicado a todas as mães. Três anos depois, a 10 de Maio de 1908, foi celebrado o primeiro Dia das Mães, na igreja Metodista em Grafton, West Virginia, onde ainda existe uma placa comemorativa com a seguinte inscrição: «Igreja Metodista Episcopal de Andrews - Igreja Mãe do “Dia das Mães”

A 10 de Maio de 1913, o Congresso dos Estados Unidos aprovou uma resolução, estabelecendo que o segundo domingo de Maio fosse considerado Dia das Mães. E, o Decreto incluindo este dia no calendário federal foi assinado pelo Presidente Woodrow Wilson, em Maio de 1914, com a presença de Anna Jarvis, do Secretário de Estado William Jennings Bryan e de alguns Senadores.

A ideia de usar duas flores (originalmente cravos) de cores diferentes, conforme ainda fosse viva ou não a mãe de quem a usava, foi também da mesma senhora.

Em poucos anos esta data foi aceite pela maioria das comunidades cristãs (de influência Protestante) e, com pequenas modificações, é comemorada até hoje. Seria objectivo deste dia consciencializarmo-nos sobre a importância das mães cristãs. Através de palavras, presentes, actos de afecto e de todas as maneiras possíveis deveríamos proporcionar-lhes bem estar e alegria. Celebrar o dia, também, em memória de todas as mães que partiram.

Em Portugal, até há alguns anos atrás, o dia da mãe era comemorado a 8 de Dezembro, mas actualmente o Dia da Mãe é no primeiro Domingo de Maio, em homenagem a Maria, Mãe de Cristo.

Amanhã é Dia das Mães…e eu de flor branca na mão!

domingo, 1 de maio de 2011

Esperança ?

Muito interessante esta forma de ver a esperança...

“Hoje não há razões para otimismo. Hoje só é possível ter esperança. Esperança é o oposto do otimismo. “Otimismo é quando, sendo primavera do lado de fora, nasce a primavera do lado de dentro. Esperança é quando, sendo seca absoluta do lado de fora, continuam as fontes a borbulhar dentro do coração.” Camus sabia o que era esperança. Suas palavras: “E no meio do inverno eu descobri que dentro de mim havia um verão invencível…” Otimismo é alegria “por causa de”: coisa humana, natural. Esperança é alegria “a despeito de”: coisa divina. O otimismo tem suas raízes no tempo. A esperança tem suas raízes na eternidade. O otimismo se alimenta de grandes coisas. Sem elas, ele morre. A esperança se alimenta de pequenas coisas. Nas pequenas coisas ela floresce…”
Rubem Alves

quarta-feira, 6 de abril de 2011

"FELICIDADE REALISTA" ( Mário Quintana )

A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o que já é um pacote louvável, mas nossos desejos são ainda mais complexos. Não basta que a gente esteja sem febre: queremos, além de saúde, ser magérrimos, sarados, irresistíveis. Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a comida e o cinema: queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa cinco estrelas. E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos alguém com quem podemos conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em quando. Isso é pensar pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos estar visceralmente apaixonados, queremos ser surpreendidos por declarações e presentes inesperados, queremos jantar à luz de velas de segunda a domingo, queremos sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e não de outro jeito. É o que dá ver tanta televisão. Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes de uma forma mais realista. Ter um parceiro constante, pode ou não, ser sinônimo de felicidade. Você pode ser feliz solteiro, feliz com uns romances ocasionais, feliz com um parceiro, feliz sem nenhum. Não existe amor minúsculo, principalmente quando se trata de amor-próprio. Dinheiro é uma benção. Quem tem, precisa aproveitá-lo, gastá-lo, usufruí-lo. Não perder tempo juntando, juntando, juntando. Apenas o suficiente para se sentir seguro, mas não aprisionado. E se a gente tem pouco, é com este pouco que vai tentar segurar a onda, buscando coisas que saiam de graça, como um pouco de humor, um pouco de fé e um pouco de criatividade. Ser feliz de uma forma realista é fazer o possível e aceitar o improvável. Fazer exercícios sem almejar passarelas, trabalhar sem almejar o estrelato, amar sem almejar o eterno. Olhe para o relógio: hora de acordar. É importante pensar-se ao extremo, buscar lá dentro o que nos mobiliza, instiga e conduz mas sem exigir-se desumanamente. A vida não é um jogo onde só quem testa seus limites é que leva o prêmio. Não sejamos vítimas ingênuas desta tal competitividade. Se a meta está alta demais, reduza-a. Se você não está de acordo com as regras, demita-se. Invente seu próprio jogo. Faça o que for necessário para ser feliz. Mas não se esqueça que a felicidade é um sentimento simples, você pode encontrá-la e deixá-la ir embora por não perceber sua simplicidade. Ela transmite paz e não sentimentos fortes, que nos atormenta e provoca inquietude no nosso coração. Isso pode ser alegria, paixão, entusiasmo, mas não felicidade.

domingo, 6 de março de 2011

Acordo Ortográfico


Segundo a aprovação do Governo, a aplicação do acordo ortográfico da língua portuguesa no sistema educativo será já no próximo ano lectivo 2011/2012.

Mas, nota-se entre a maioria dos professores uma alergia a essa aplicação. Essa relutância não se sente unicamente no espaço escolar, muitos cidadãos referem-se a isso com um enorme desconforto e até aborrecimento.

Para ser sincera tive que percorrer um caminho de consciencialização para esta mudança. Eu, que sempre tentei ser fiel ao meu português de Portugal. Fiz sempre um enorme esforço para não me deixar contaminar por brasileirismos, apanhei um susto quando pensei que tinha que me render a um português miscigenado.

Mas uma língua viva, cruza-se, evolui e renasce. O acordo ortográfico é o acto fúnebre de muitas das letras que ficaram mortas nas palavras que falamos. E isso é natural. Se assim não fosse ainda escrevíamos farmácia com “ph” entre muitas outras palavras. Então se esta escrita viva assim cresceu e se entrelaçou com outros povos que falam esta nossa língua, porque não acordarmos num português partilhado?

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Valor

Há acontecimentos pontuais que num curto espaço de tempo, valem uma preciosidade.

Bem sei que o conceito de valor pode ser discutido e discordado. Até podemos analisar o que será um bom investimento. A falar assim, até parece que percebo muito de Finanças e vou divagar sobre conceitos económicos ! Para dissipar duvidas passo a explicar.

Fui docente numa pequena escola durante 4 anos. Deixei-a, por questões profissionais, sem a retirar do coração. Pois na sexta-feira passada ao entrar nessa escola, no intervalo do recreio das crianças, senti-me qual Jesus Cristo na entrada Triunfal em Jerusalém. À medida que as crianças me olhavam e se certificavam de que era eu mesma, corriam na minha direcção e fitavam-me como se estivessem perante uma obra de arte magnífica, com o encanto e um sorriso mais alegre do que se estivessem a receber uma enormidade de gomas coloridas. Depois davam-me abraços, puxavam-me para me dar beijos e os rostos eram de autêntica satisfação. Até os que não tinham sido meus alunos estavam contagiados de alegria.

-Mas tu não foste aluno da professora!

- Fui fui!... uma vez que professora Cristina faltou e foi substituída por ela!

Senti-me ENORME!

Há lá maior satisfação, maior reconhecimento, saudação mais genuína, do que esta!

Quando estive naquela escola dei-me, envolvi-me e estabeleci uma convivência saudável com os alunos. Toda esta recepção estava no registo da afectividade e não do conhecimento. Hum…será isto o resultado de um bom investimento? Caso não achem, eu dou-lhe um valor imenso!

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Era uma vez...


Era uma vez uma coelhinha anã que passou de uma loja de animais para o quotidiano de um Jardim de Infância. Mas…como qualquer estória encantadora que se preze, teve que levar umas pinceladas de fantasia para nascer como uma verdadeira estória, a ser vivida por todas aquelas crianças.

O Senhor Tomás, desconhecido de todo o grupo, (apenas conhecido da imaginação!) dono de uma Quinta (que nem virtual!...), escreveu para a escola uma carta onde perguntava se os meninos do Jardim de Infância gostariam de cuidar de uma coelhinha pequenina que tinha perdido a mãe. O entusiasmo foi colectivo e levou de imediato a uma resposta positiva e escrita, dirigida ao simpático e anónimo Sr. Tomás.

Os dias seguintes foram dedicados a pesquisas sobre alimentação de coelhos, cuidados a ter com eles, higiene e muito mais. Quando todo o grupo já se achava capaz de receber esse novo “colega”, a professora telefonou ao Sr. Tomás (cujo contacto vinha na carta) e combinou tudo.A alegria e o nervosismo dessa chegada tornou todos ansiosos durante aquela ultima semana de Abril.

O Sr. Tomás levantava-se muito cedo e à hora que passava à porta da escola ainda estava tudo fechado. A solução foi deixar a coelhinha no café da esquina e depois o Grupo ir lá buscá-la. Mas…no dia marcado, o tempo não estava de feição e teve que ser a professora a ir busca-la ao café.O Senhor Tomás, homem muito cuidadoso, mandou-a com uma gaiola engraçada, com comedouro, bebedouro, feno e comida adequada.

E foi assim, no carro da professora que a coelha a quem chamaram de BOLINHA chegou, a 30 de Abril de 2008.

A partir daquele dia o coração daquele pequenino animal andava sempre acelerado. Todos queriam pegar, afagar, alimentar…brincar com esta nova amiga peluda e macia.

Aconteceram as mais deliciosas peripécias! Desde ter que provar lanches infantis nada ao seu gosto, até ter que ouvir histórias para adormecer, ser obrigada a entrar numa casa de legos, andar no bolso da bata, ter trela para não fugir, passear no atrelado do tractor (de brincar), tomar banho, ter

uma coleira com guizo…Era uma super-coelhinha! E a criançada vibrava com a sua presença. Nos fins de semana era muito viajada! Cada fim de semana ía para uma casa diferente. Aprendeu a controlar o stress e em situações duvidosas que a assustassem em demasia, passou a dar umas ferradelas.

Assim foi crescendo e por lá conviveu durante um ano.

No final desse ano foi viver para uma quinta verdadeira.

Recebi a noticia que morreu no passado dia 16 de Fevereiro de 2011.

Era uma vez uma coelhinha anã que passou de uma quinta verdadeira para…sabe-se lá para onde!...ela ainda salta na minha imaginação.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Tens uma Magnólia branca plantada no jardim.
Eu quero plantar a paz dessa brancura em mim.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

O que faz partir um dente!


Um dente fracturado foi motivo para uma consulta de emergência ao Dentista. Na realidade eu e os médicos não temos daquelas convivências regulares mas só de imaginar uma possível dor de dentes, nem hesitei! E não sendo eu cliente assídua da medicina dentária, mas sendo mulher de fidelidades, fui à minha dentista em Sá da Bandeira (Porto). Cheguei cedo à baixa portuense. Como não habito nem trabalho no centro da cidade, é para mim um privilégio poder percorrer estas ruas da urbe a meio da semana, em horário laboral. Então percorro e sorvo o momento. Quase radiografo os prédios desabitados e os poucos que vão sendo recuperados, olho as montras, os transeuntes, as cores e respiro os odores.
Pois…A abertura das lojas tem um horário mais tardio o que torna a manhã da cidade mais calma, quanto a mim! Há um ritmo e uma pulsação diferentes na vida da cidade. A baixa vive essencialmente do comércio e a maioria só abre às 10h. Assim, as ruas de Santa Catarina , Sá da Bandeira, Passos Manuel, vêem-se percorridas por algumas pessoas, enquanto os passeios e vidros são lavados, os gradeamentos são corridos e as portas das lojas começam a abrir. Há cerca de vinte anos atrás estas práticas faziam-se mas num outro horário!...(Será que as escolas não devem ponderar abrir com o mesmo horário comercial? Se calhar ficavam mais ajustadas socialmente).
Só um homem teimava em cumprir o horário tradicional de outrora…um cego que com uma voz pausada, metálica e forte repetia a sua cantilena de pedinte, sempre igual faz séculos. E essa voz como que escorria por toda a Rua de Santa Catarina…
Em bastantes lojas as meninas bem maquilhadas, penteadas e vestidas atrás dos pequenos balcões, demonstram as suas qualidades linguísticas quando teimam em falar alto com a colega do balcão do lado (que parece um clone). Lembram-me as senhoras do bairro às varandas, a conversar de varanda para varanda…Prefiro a gentileza dos velhos. Entrar nessas Lojas, como a dos Armazéns do Anjo é como sentir que ainda há gente educada, que atende com deferência, que sabe articular bem as palavras com um português simpático, sem ser berrado.
Algo permanece inalterado…as abordagens para donativos. É que distraída com as observações e os meus próprios pensamentos esqueci-me da minha máxima de jovem : “Andar na rua à defesa”. Só assim escapava aos pedintes e aos assaltantes por “esticão”.
Resumindo…o dente já está tratado! A Dentista continua linda, apesar dos anos.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Metro


A recente abertura da nova linha do Metro na área do Grande Porto foi motor destes pensamentos.
Na realidade fico fascinada com o espaço , a simplicidade e a liberdade que são oferecidos pela arquitectura e pela organização das estações do Metro do Porto.Vivendo nós num país que por vezes sinto tão Terceiro-mundista, estes espaços são uma demonstração de desenvolvimento.Somos um povo, que dadas as características latinas, é dado à “espertice” e à “tramóia”. Temos que juntar a isso o cosmopolitismo…Assim, para além das normas sociais serem divulgadas têm sempre associados mecanismos de as fazer cumprir. O Metro parece o oposto dessas posturas. O espaço é amplo, de perfeita liberdade. O cidadão age por consciência e não por coacção. Compra o título de transporte adequado, passa-o num dispositivo simples, sem gradeamentos a delimitar e dirige-se para a plataforma a fim de apanhar o metro que lhe convém. Isto sim, é digno de um pais desenvolvido em que o civismo, a cidadania e a responsabilidade são enaltecidos. Todos os que por opção não viajarem com o titulo de transporte, terão que responder pelos seus actos…são livres mas terão que responder pelas suas escolhas e incumprimentos. Metro assim, nem em Paris, nem em muitas capitais Europeias! Eu acho mesmo fantástico! Quando entro nas estações de metro do Porto até parece que estou num país diferente, em que o conceito de responsabilidade, liberdade, respeito pelas normas sociais, sentido de cuidado pelo bem comum, são o viver quotidiano de um povo.
O pior é quando saio de lá!...

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Esperança...para 2011 e sempre


Dez réis de esperança

Se não fosse esta certeza
que nem sei de onde me vem,
não comia, nem bebia,
nem falava com ninguém.
Acocorava-me a um canto,
no mais escuro que houvesse,
punha os joelhos á boca
e viesse o que viesse.
Não fossem os olhos grandes
do ingénuo adolescente,
a chuva das penas brancas
a cair impertinente,
aquele incógnito rosto,
pintado em tons de aguarela,
que sonha no frio encosto
da vidraça da janela,
não fosse a imensa piedade
dos homens que não cresceram,
que ouviram, viram, ouviram,
viram, e não perceberam,
essas máscaras selectas,
antologia do espanto,
flores sem caule, flutuando
no pranto do desencanto,
se não fosse a fome e a sede
dessa humanidade exangue,
roía as unhas e os dedos
até os fazer em sangue.

António Gedeão