sábado, 16 de fevereiro de 2008

Dias especiais...

Fiquei surpreendida. Como pode uma data assim mobilizar toda a gente?

Estou a falar do DIA DOS NAMORADOS!
Eram imensas flores, crianças com as caras pintadas aos corações, mensagens de amor já “pré-feitas” tipo “fast-romantismo”, casados a jantar com filhos, crianças da pré-escola a ter que festejar o Dia com nome de amizade…e, no meio disto tudo também havia namorados!
Por vezes fico a pensar o que dá na cabecinha desta gente. Afinal para que são os dias especiais? Para que têm designações precisas ?
Hoje não se reflecte. É tão giro comemorar um dia cheio de corações!…E, ao fim de contas todos nos amamos. E, não faz nenhum mal!...é dia de festa, cor e alegria.
Que as pessoas individualmente o queiram comemorar, é com elas. Mas, não consigo compreender a lógica de ser a escola a promover uma tal data com crianças pequeninas de 3,4 e 5 anos e, mesmo do 1º e 2º ciclos do Ensino Básico. Que raio de pedagogia têm estes professores? Os Planos de actividades deles são estes dias especiais? Pelo menos deviam programá-los de forma a que não promovessem exclusão, tristeza e choro. E, se o aproveitam para sublinhar a importância da amizade, promovendo a correspondência, como se compreende que alguns não recebem nenhuma carta e se sintam “à margem”, tristes, com um choro desolador? Será isto a promoção do valor da amizade? De uma boa auto-estima? de um espaço escola em que a criança é valorizada?

Ah…estava a esquecer-me que se calhar aproveitam para as aulas de Educação sexual e, para algumas discussões de temas do foro afectivo, do próprio desenvolvimento físico e emocional. Afinal os professores têm muita imaginação!!!

Depois vem o dia do Pai e continua a imaginação! Não se tem pai…dá-se a prendinha (feita na escola) a um avô, a um tio mais amigo…vem o dia da mãe e, a mãe morreu? Coitadita, dá-se à avó que é mãe duas vezes!...e assim se vai cumprindo o programa. Sim, porque tudo isto faz parte do currículo!... Se a Ministra da Educação se lembra, passa a pontuar melhor quem festeja estes dias e, eu estou tramada!

Pois, para mim tudo isto é “Formação Pessoal e Social”. As verdadeiras formações e os verdadeiros valores, são passados nestas pequenas posturas do quotidiano, em que agimos. É nestas interacções que as crianças vão criando referências, espírito crítico, sensibilidade…sinceridade, solidariedade e verdadeira amizade e amor.

Tenho que desabafar por aqui…o diálogo construtivo é impossível com alguns professores. Não acreditam? Falo sério!

“Os educadores ,antes de serem especialistas em ferramentas do saber, deveriam ser especialistas em amor:intérpretes de sonhos.” Rubem Alves

2 comentários:

Anónimo disse...

É todo um interesse economico que conduz a comunicação social que entra a toda a hora na intimidade das familias a lembrar atempadamente para comprar e quase obrigatóriamente festejar.
E depois vê-se alguns desapontados porque falou-se tanto ouviu-se e...nada a espectativa levou alguns adultos a dizer
mas que tristeza...
Em relação ao dia do Pai tenho outra opinião se calhar porque fiquei sem pai com 3 anos...
O dia do Pai para mim na escola tem como objectivo "chamar" o pai á sua funçao tocar-lhe fundo para pelo menos naquele dia ele prestar atenção ao filho...o tal familiar próximo tal como a Psicologia previu funciona ...(no meu caso funcionou...)Virg

Raquel Alves disse...

Olá! Não sabia que me lias!...Relativamente ao dia do pai, 1º não é obrigatório abordá-lo na escola. Se eu tiver uma só criança sem pai, por variadas razões, não o referirei. 2º Tive, há 2 anos, uma criança a quem o pai tinha morrido, outra a quem a mãe tinha fugido e, optei pelo dia da família. Para mim foi muito mais confortável lidar com estas diferenças. Para o menino órfão também, pois a mãe veio-me agradecer com as lágrimas nos olhos e repetiu a explicação do filho, quanto à celebração do dia da família…Gostava de trocar impressões contigo acerca disto…não consigo desvirtuar o significado real das comemorações.