terça-feira, 8 de abril de 2008

A morte...

É indubitável a sua vinda. Logo que se gera vida existe o oposto. Mas esperamos sempre que a morte chegue com a velhice. E na juventude ela parece-nos sempre muito, mas muito distante. O meu filho está triste pela morte inesperada do seu amigo Diogo, de 23 anos.
Escreveu no MOTONLINE, em tom de desabafo e elogio:

"Falei com o Diogo, ontem. Com a disponibilidade, simpatia e carinho de sempre - e que por ser hábito nele, o meu "muito obrigado" não bastava para agradecer - dizia-me que não poderia ir dar uma volta hoje e convidava-me a ir a casa dele no Domingo para, como "mecânico" oficial do nosso grupo de amigos, montar Xénon na minha moto. Sempre prestável!

Tudo isto me faz, ainda, imensa confusão. Não acontece sempre aos outros?!

Chegado de um passeio, com o Nelson (bodyrock), recebo uma chamada dele que me informa do que NUNCA esperei ouvir. ... Um de nós... O Diogo?! Como é possível, porra?!

É tão cliché quanto verdade: sentirei a falta dele. Ficará gravado na minha memória - como a caricatura da cara dele, gravada no desenho na parede do bar de segunda-feira e o lugar vazio onde estacionava a moto na Faculdade.
Dia triste, este!
"

No meio desta tristeza, dos pensamentos, da minhas ânsias, lembrei-me de um texto de Vergílio Ferreira que li outrora e sublinhei no livro "Escrever":
"Porque te surpreendes tanto com a morte inesperada de alguém? E escreves sobre isso ou colaboras numa manifestação alusiva? Para saberes que não houve surpresa nenhuma pensa nos que se surpreenderam pela mesma razão há cem anos .Ou nos que hão-de saber disso, os outros que vierem daqui a cem anos também. Mas a razão do teu excesso vem da ilusão que tu não morres. Aproveita enquanto és eterno, que é o que és no iludir-te, ou seja na comunidade categórica de existires. Em todo o caso talvez não seja de todo inútil ires pensando que morres mesmo..."

Sendo a morte uma certeza...meu filho, vive, sem a desafiares. Ela passeia-se cada dia junto de nós.
Quero-te muito.