sábado, 26 de abril de 2008

Liberdade de expressão

Abril trouxe também a liberdade religiosa. E eu, educada com principios cristãos protestantes, ouvi as narrativas dos meus avós. A única Igreja reconhecida era a Católica Romana pelo que as outras confissões, mesmo que cristãs, eram perseguidas. A presença dos baptistas em território nacional aconteceu na década de oitenta do século XIX, por intermédio de cidadãos britânicos estabelecidos na cidade do Porto. O baptista inglês Joseph Jones, filho de um comerciante também inglês, estabelecido nesta cidade, organizou, em 1888, a primeira comunidade baptista em Portugal. Em 1908, é também graças a Joseph Jones e à sua congregação, aos quais se juntaram outros baptistas portugueses e estrangeiros, que se estabelece a primeira Igreja Baptista Portuguesa, na cidade do Porto, ainda hoje existente e também conhecida como “Tabernáculo Baptista” (na rotunda da Boavista) sendo isso uma referência histórica ao “London Baptist Tabernacle” onde Joseph Jones fora baptizado por imersão.
As primeiras comunidades não tinham edifício próprio. Assim ocupavam casas vulgares, que adaptavam para o efeito. Os Baptismos por imersão, eram efectuados nos rios. O meu avô paterno foi baptizado no Rio Leça (na altura sem poluição!). Os meus pais já foram baptizados em baptistério (no referido Tabernáculo).
Nessa altura era complicado ter outra interpretação cristã. Mas, hoje a liberdade religiosa é um direito, que devemos lembrar e viver. Por isso ontem assisti a uma cerimónia religiosa em que foram evocados os 120 anos da presença dos Baptistas em Portugal. Tal decorreu na Igreja Anglicana de Saint James denominada Igreja dos Ingleses, no Largo da Maternidade Júlio Dinis, na cidade do Porto. Foi um momento que muito me sensibilizou. Cinco aspectos provocaram esse meu estado de alma:
1- Senti a liberdade religiosa.
2- Emocionei-me ao ver fotos de meus antepassados (bisavós, avós e meus pais pequeninos), activos no trabalho da Igreja de outrora. Senti que me deixaram a fé como um legado, esses valores como uma herança a repartir.

3- Senti que para além das questões doutrinárias que um dia separaram os cristãos, algo forte os une, o que lhes dá o nome, Cristo! Defensora de uma visão ecuménica, senti-me muito bem naquela bela Igreja Anglicana que eu desconhecia.
4- A hom
ilia de David Coffey, Presidente da Aliança Baptista Mundial foi simples, objectiva, actual e profunda.
5- D
eliciei-me ao ouvir as melodias entoadas pelo Coral, onde de forma entusiasta cantavam a minha filha e o meu marido.

Abril permitiu que esta pluralidade de visões se expandisse sem receios e perseguições. A PIDE já não assiste às cerimónias religiosas protestantes e os pastores que são professores, já não são afastados da docência, como foi o do Tabernáculo.
Viva a Liberdade!

(clicando no título poderá ler notícia no Jornal Publico)

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