quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Para além dos Invernos

Vive uma árvore já adulta, num jardim de uma vivenda, numa Avenida de Valongo. Igual a tantas outras, desnuda-se pelo Inverno e tem folhas verdejantes em pleno Verão. Grande parte do ano é uma árvore vulgar. Estamos em pleno Inverno e eu olho-a em cada dia. Tronco escuro e ramos como que em forma de raízes a tentarem prender-se ao céu. Parece uma árvore seca, sem graça alguma. Passam-se meses em que a vejo assim.

Porém, eu sei que no final de Janeiro, mesmo com o céu toldado de cinzento e um frio de nos gelar os ossos, ela inicia o seu florescimento. Aí está a sua identidade. E eu conheço-a!Os meus olhos fazem o parto desse nascimento.

Olho-a sempre com a certeza desse alvo florir. Antecipo a visão de beleza que me vai deslumbrar. Sei que há um belo segredo no interior da seiva dessa Magnólia.

Ah! Se nós conseguíssemos olhar mais além!

Quantas pessoas são como esta árvore? Guardam uma beleza interior que nós não vislumbramos. Vemos o agora, o imediato e nem colocamos como hipótese a esperança! Quantas pessoas não vemos, ou só as vemos porque parecem ressequidas! Mas o pior é derrubá-las pela sua aparência!

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