Muitos se escandalizarão com tamanha revelação. Pois, desde sempre que estas festividades são muito mais profanas do que religiosas. É no profano que eu entro!
Nascida no Porto, educada por Tripeiros, convivendo maioritariamente com portuenses, não podia viver alheia a uma festividade como a noitada de S. João em que o povo saía à rua com alhos porros e martelinhos. As ruas da baixa e das zonas típicas enchiam-se de gente que corria alegremente, saltava fogueiras e nesse corropio eufórico, batia na cabeça de quem calhava com os ditos alhos, martelinhos e martelões!...No ar o aroma a manjerico e a mistura de odores das plantas com o dos fritos das farturas, do algodão doce e das sardinhas. E tudo sabia bem, até o orvalho da noite!...complementado com o fogo de artificio, era, para mim, uma festa perfeita. Digo era, porque já não percorro as ruas como outrora! Uma boa sardinhada com amigos sabe-me melhor!
Em criança, por alturas de Junho, costumava passar algum tempo com a minha tia Mira, que me levava à praia de Matosinhos. Ela falava-me do Sr. de Matosinhos. Por vezes trazia-me lembranças do recinto da festa...loucinhas pequeninas de chapa e de barro. Ora o que me havia de acontecer?! Passados muitos anos fui colocada numa escola em Perafita, concelho de Matosinhos. Lá trabalhei 14 anos! E, embora não tenha nada contra o santo padroeiro de Perafita - o S. Mamede, o Sr. de Matosinhos cativou-me pela sua lenda. E eu, que sempre me deslumbrei com o mar, passei a achá-lo ainda mais bonito...Nunca deixei de passear pelas barraquinhas de venda junto à Igreja do Bom Jesus e, sempre que possivel assistir a concertos. A Igreja ficava deslumbrantemente decorada.
Mas, só quem anda apático no mundo não descobre beleza... Do mar vim para a serra. E como gosto de lhe chamar Cuca- Macuca! É muito mais sonante com este nome do que com o de Santa Justa.
Pois Sobrado fez-me reencontrar o S. João. Esperava eu uma festividade similar à do Porto quando me deparo com um linguajar próprio associado aos rituais sanjoaninos da região - BUGIOS e MOURISQUEIROS. Confesso-vos que fiquei rendida a esta bela festa. Ir no dia 24 a Sobrado é entrar na história lendária e ser actor. O colorido é deslumbrante e a forma como os sobradenses vivem a festa é contagiante.
Três festas...uma por herança, duas por vivência, todas por afecto!
1 comentário:
Partilhamos uma... fortemente.
E afectuosamente. E afectivamente. E muito.
;)***
P.S. - Força para o desafio.
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