quinta-feira, 7 de maio de 2009

Pensamento


Li, há algum tempo, um texto de Miguel Torga (datado de Agosto de 1946) de onde retirei um pequeno extracto, que hoje, ocasionalmente, me apareceu à mão. Sei que tenho um lirismo muito próprio, alguns dirão mesmo, infantilidade utópica. (Ei, tanta adjectivação!...) seja!

Fico felicíssima quando nos escritos de grandes autores, leio confissões que transparecem um sentir semelhante ao meu. Esse estado de identificação reforça o meu pensar, o meu estar…Sinto-me real!

A minha preocupação é que quase todos eles já partiram ou envelheceram…

"...Também tenho afectos(…) Abandono tudo para correr a casa dum amigo que está com dor de dentes, e passo uma noite em claro porque operei um doente, e ele pode ter uma hemorragia. Mas a minha fraqueza maior é não poder desprezar ninguém, mesmo os próprios inimigos. São meus semelhantes, apesar de tudo, e eu não consigo descrer do homem, seja ele como for. Em vez de os esquecer, trago-os no pensamento. Sofro por eles.

A minha grande alegria é admirar os outros, e procuro encontrar em cada um as linhas positivas do seu caminho. Afinal somos todos elos de uma grande corrente, e é pelos ferrugentos que ela pode quebrar. (…)”

1 comentário:

Rosa Silvestre disse...

Um texto com muito sentimento....Muito bonito, Raquel.
Um bjinho, RS.