segunda-feira, 25 de abril de 2016

Utopia

Este é o ano da utopia, lembrando  a de Thomas More há 500 anos. Confesso que ao saber de tal comemoração me questionei sobre o valor da utopia para uma tal referencia de destaque. Sou também, suficientemente humilde para dizer que nunca li a obra de Thomas More mas conheço o seu conteudo de forma simplista, talvez. Se por um lado enalteço a invenção de tal palavra para designar um lugar inexistente mas ideal, direi perfeito, por outro lado questiono-me da utilização de utopias para o progresso social e individual, já que serão sempre fantasias inalcançáveis. Nestas minhas reflexões deparei-me com uma explicação  de Eduardo Galeano assaz curiosa:
“A utopia está lá no horizonte. Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos. Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos. Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei. Para que serve a utopia? Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar.”
É interessante porque a sua razão para fazer caminhar é a mesma que me faz não caminhar e imobilizar-me. O sonho e a esperança ligam-se entre si para nos impulsionar. Tenho sonhos e persigo-os. Quando os alcanço eles tornam-se uma feliz realidade em que me deleito. Quando eles são inatingiveis então sinto-me desistente e  dá-se a transformação, tornam-se utopias, ou nós consciencializamo-nos de que eles o eram desde sempre.Por isso mesmo, as utopias são contemplativas, distanciam-se de qualquer movimento de esforço, de conquista, de dedicação porque são sempre olhadas como inatingiveis, ideais mas utópicas (perdoem a redundância).
Como dizia Sebastião da Gama “pelo sonho é que vamos…”

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