sábado, 22 de setembro de 2012

deserto


Todos nós temos em mente uma série de locais a que recorremos quando pretendemos algo especifico como a diversão, o descanso, o cultuar, o aprender, obter auxilio…e facilmente um parque, um cinema, um hotel, uma Igreja, uma clínica, serão alguns desses espaços. Em determinadas ocasiões programamos momentos mais alargados e viajamos, visitando museus e povoações aprazíveis…Mas estou em crer que raramente, nas múltiplas circunstâncias, alguém aponte o deserto como um lugar de eleição.
O deserto é sinónimo de algo triste, só, cheio do vazio! Onde nem podemos comunicar com o mundo! E o mundo do deserto é simples... é um lugar árido e de extremos, tornando-se muito quente durante o dia e muito frio pela noite.
Mas no deserto vive gente! E o povo que lá vive aprende com o próprio deserto. Aprende uma sobrevivência diária e uma dependência natural do cosmos…será? E estranhamente quem lá vive diz que o deserto é belo..E o que poderá tornar belo o deserto? Já dizia o Principezinho “O que torna belo o deserto é  que ele esconde um poço nalgum lugar…”     
E eu, que ainda não visitei um deserto, sou portadora dos pensamentos de alguém que por lá vive e que consegue ouvir nesse silêncio o batimento do seu próprio coração.
E sentando-se numa duna, poderá não ver nada, apenas a imensidão…e poderá sentir sempre o infinito do céu junto ao infinito do deserto…E aí se descobre a cor do mundo, a cor mais bonita… o azul! E nesse azul escuro da noite há o deslumbramento das estrelas…e quase todas são visíveis!!!e há tempo para as apreciar sem haver relógios a pressionar…o melhor sabor do deserto talvez seja o do leite, e o que melhor aquece é o calor da fogueira…e um dos melhores prazeres será o andar descalço…e a melodia mais terna a do balir das pequenas cabras! A melhor e a mais bela  descoberta, a da água!
E a simplicidade desta vida natural torna tudo mais vivido, mais saboreado, mais valorizado…mais comunitário e solidário. E talvez faça sentido no meio de tudo isto pensar que “o essencial é invisível aos olhos”.
Por isso quando for ao deserto, vou de coração humilde, sem a pretensão da civilização.  levo comigo as últimas palavras de Antoine saint éxupery e a última imagem do livro Principezinho:
“…Olhem atentamente esta paisagem de modo a terem a certeza de a reconhecer, se viajarem um dia em África no deserto…E se vos acontecer passarem lá suplico-vos não se apressem esperem um pouco sob a estrela! Então se uma criança for ter convosco, se ela rir, se tiver cabelos dourados, se não responder quando lhe fazem perguntas, adivinharão de quem se trata. Então sejam amáveis! Não me deixem assim tão triste: escrevam-me depressa  dizendo que ele voltou…”
Hum…acredito poder encontrá-lo! A ele, a mim e a muito mais mundo!
  

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