Todos nós temos em mente uma série de locais a que recorremos
quando pretendemos algo especifico como a diversão, o descanso, o cultuar, o
aprender, obter auxilio…e facilmente um parque, um cinema, um hotel, uma Igreja,
uma clínica, serão alguns desses espaços. Em determinadas ocasiões programamos
momentos mais alargados e viajamos, visitando museus e povoações aprazíveis…Mas
estou em crer que raramente, nas múltiplas circunstâncias, alguém aponte o
deserto como um lugar de eleição.
O deserto é sinónimo de algo triste, só, cheio do vazio! Onde nem
podemos comunicar com o mundo! E o mundo do deserto é simples... é um lugar
árido e de extremos, tornando-se muito quente durante o dia e muito frio pela
noite.
Mas no
deserto vive gente! E o povo que lá vive aprende com o próprio deserto. Aprende
uma sobrevivência diária e uma dependência natural do cosmos…será? E estranhamente quem lá vive diz que o deserto é belo..E o que poderá tornar belo o deserto? Já dizia o
Principezinho “O que torna belo o deserto é que ele esconde um poço nalgum lugar…”
E
eu, que ainda não visitei um deserto, sou portadora dos pensamentos de alguém
que por lá vive e que consegue ouvir nesse silêncio o batimento do seu próprio
coração.
E
sentando-se numa duna, poderá não ver nada, apenas a imensidão…e poderá sentir
sempre o infinito do céu junto ao infinito do deserto…E aí se descobre a cor do
mundo, a cor mais bonita… o azul! E nesse azul escuro da noite há o
deslumbramento das estrelas…e quase todas são visíveis!!!e há tempo para as
apreciar sem haver relógios a pressionar…o melhor sabor do deserto talvez seja
o do leite, e o que melhor aquece é o calor da fogueira…e um dos melhores
prazeres será o andar descalço…e a melodia mais terna a do balir das pequenas
cabras! A melhor e a mais bela
descoberta, a da água!
E
a simplicidade desta vida natural torna tudo mais vivido, mais saboreado, mais
valorizado…mais comunitário e solidário. E talvez faça sentido no meio de tudo
isto pensar que “o essencial é invisível aos olhos”.
Por
isso quando for ao deserto, vou de coração humilde, sem a pretensão da
civilização. levo comigo as últimas palavras
de Antoine saint éxupery e a última imagem do livro Principezinho:
“…Olhem
atentamente esta paisagem de modo a terem a certeza de a reconhecer, se
viajarem um dia em África no deserto…E se vos acontecer passarem lá suplico-vos
não se apressem esperem um pouco sob a estrela! Então se uma criança for ter
convosco, se ela rir, se tiver cabelos dourados, se não responder quando lhe
fazem perguntas, adivinharão de quem se trata. Então sejam amáveis! Não me
deixem assim tão triste: escrevam-me depressa
dizendo que ele voltou…”
Hum…acredito
poder encontrá-lo! A ele, a mim e a muito mais mundo!
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