terça-feira, 7 de setembro de 2010

Enterrar...Bibliotecas


Soube ontem do falecimento do simpático avô António, já velhinho, que vivia em Sobrado. Foi um prazer conhecê-lo e apreciar a sua colecção de miniaturas de utensílios de madeira que ele mesmo talhou. Lindo! Há uma citação, referida frequentemente pelo meu pai, a que me acostumei , de que “quando morre um velho enterra-se uma biblioteca”. E, se durante muito tempo me questionava acerca desta afirmação, hoje compreendo-a. Quando um velho termina a sua vida, com ele partem inevitavelmente todas as suas vivências, saberes, histórias, cultura. E na diferença de vida de cada um, haverá sempre uma longa história , rica de experiências…Ficarão na nossa memória todas as pequenas recordações significativas, os comportamentos deliciosos e marcantes. No entanto a essência dessa vida…os escritos dessa história, são enterrados na morte.

E sabem, já vi enterrar bastantes bibliotecas!

4 comentários:

tsiwari disse...

Lembro-me de quando enterrou a sua esposa, a senhora Rosa.

Lembro-me da figura dele, de bom porte. Da sua entrega à comunidade - via igreja. E tenho uma pena infinita porque guardo, dele, uma imagem ternurenta.

Manuel Pinto disse...

Muito grato, estimada Raquel. Este, claro, foi especial, por ser meu Pai. Mas, como ele, conheci vários, em Sobrado, que me ensinaram mais do que se pode aprender em qualquer curso universitário - a coerência, a simplicidade, a atenção (mesmo quando esses valores foram traduzidos em estilos de educação rigoristas). A biblioteca que se vai é a da sabedoria.

Caro Tsiwari, obrigado também a si, pelo que diz dele. Fico feliz por essa "imagem ternurenta" que guarda (já que a outra lembrança relativa à esposa, felizmente, não ocorreu. A D. Rosa, ainda que muito doente e há muito tempo, ainda foi despedir-se dele à capela funerária).

Fábia Pinto disse...

Obrigada Raquel. POde crer que ele também lhe tinha grande estima.

tsiwari disse...

Caro Manuel Pinto - a memória tem destas coisas terríveis. Desculpe e ainda bem que me atraiçoou, a memória, neste caso.

Há muito tempo que a não vejo - desde os tempos da "loja dos panos", até à doença se instalar e ao vê-la na cadeira de rodas.

Um abç