“Têm que restituir a autoridade aos professores”, é uma afirmação ou uma reivindicação caricata. Parece que a autoridade pode ser roubada, tal como uma carteira, perdida e encontrada num “serviço de perdidos e achados” ou oferecida como uma camisola confortável.
E, os mesmos sindicatos que reclamam do modelo de avaliação (sem apresentarem quaisquer modelos alternativos), enchem a boca com tal necessidade.
A ser o Ministério da Educação e a sua Ministra (cessante) os responsáveis por tal ausência, a solução seria fácil, bastaria publicar uma lei com o seguinte ponto:” O Ministério da Educação defende a dignidade de todos os professores, conferindo-lhes toda a autoridade no desempenho das suas funções docentes.”.
A questão da autoridade, quanto a mim, está a ser vista pela perspectiva errada. É no quotidiano escolar que essa autoridade é demonstrada. A autoridade pratica-se e, só assim, pode ser reconhecida. E, é nesse quotidiano, que eu tenho visto as formas mais ridículas de afirmação docente, de autoritarismo puro, não de autoridade! Lembrei-me, até, de sugerir à nova Ministra da Educação, conceituada escritora juvenil, de acrescentar uma nova obra à sua colecção “Uma Aventura…com a autoridade dos professores” . Cada dia a minha admiração aumenta face ao que presencio.
É evidente que a massificação do ensino, a denominada ESCOLA PARA TODOS no acesso (que, teoricamente, também o procura ser no sucesso), numa visão inclusiva, veio transformar a escola numa micro-sociedade complicada, mesmo não pretendendo aqui reflectir na integração das crianças com deficiências associadas. O desenvolvimento acelerado que se vive na sociedade ocidental conjugado com a globalização (do bom e do mau) invadiu-nos. É claro que as crianças/adolescentes que estão em processo de desenvolvimento e de educação, são seduzidas por tudo isto. Estão permeáveis a tudo e, ainda mais, ao que é apelativo. São aliciadas pela imagem, pelo despertar sexual e pelas experiências que lhes são propostas, pelas drogas que possibilitam alucinações, pelas novas tecnologias, pela música…
A escola está conceptualizada num modelo e num ritmo desajustados das vivências reais dos alunos.
Por vezes professores e alunos parecem ter códigos diferentes de comunicação. Não conseguindo comunicar, consequentemente há um afastamento por incompreensão.
É criado um fosso entre ambos de que resulta falta de confiança do aluno no professor. E essa barreira é terrível num contexto que se pretende de educação.
Ser professor hoje é muito exigente. Mas, se os professores se modernizam no aspecto, nos penteados e suas colorações, no vestuário, nos bons carros que adquirem, até na forma como constituem família, porque não se modernizam em novas atitudes, no bom relacionamento com os alunos, em formas criativas de abordar os conteúdos programáticos?
Dá trabalho, não dá? Requer empenho. Pois é! Esqueci-me disso! As futilidades são mais apelativas! Engraçado, porque também o são para os alunos!
A questão é que aos docentes é-lhes exigido que sejam agentes educativos. E sê-lo é sempre! Dentro das escolas também há os professores praticantes e os não praticantes, tal como nas religiões. Até há os fanáticos! Mesmo assim, os praticantes são poucos, mas são aqueles que seguindo objectivos têm um propósito profissional, são-no em qualquer espaço do estabelecimento escolar. São-no quando sobem e descem escadas, quando vão para a fila do refeitório, quando utilizam os sanitários, quando conversam nos corredores, quando se relacionam com o pessoal auxiliar, quando estão na Biblioteca. Esses são professores em todos os espaços porque em todos eles sabem interagir positivamente com os alunos e são exemplo de posturas correctas. Não precisam de falar muito! Basta-lhes actuar com coerência, firmeza, dignidade e interesse. E estes é que têm autoridade. Quem lhes deu essa autoridade?
Eles próprios.
3 comentários:
De coisas sérias falas tu... e, ironicamente, ria ao ler-te.
É... há "sítios" que nos põem naquele ponto - "Não há pachorra!" para tanata incompetência, tanto laxismo, tanta falta de profissionalismo.
:)***
tanata -> leia-se "tanta"!
O Manual Escolar 2.0 é um projecto pioneiro a nível mundial, no qual os manuais escolares são construídos on-line, num espaço aberto à participação de todos os professores.
Num artigo no nosso site, tomámos a liberdade de incluir um link a um artigo do seu blogue. Pode verificar aqui: http://www.manualescolar2.0.sebenta.pt/projectos/sebenta/posts/126.
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Filipe Medeiros
Manual Escolar 2.0
http://www.manualescolar2.0.sebenta.pt
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