Porto, 1 janeiro de 2014.
O tempo chuvoso, o
chá quente, a possibilidade de não ter horários a pressionar, o recomeço, as
esperanças,a música, tudo se conjuga para uma reflexão.
E quando penso que pouco mais me pode surpreender
negativamente, tive as ultimas semanas a comprovar-me o contrário. Sendo alguém
que pensa e analisa…tenho pensado muito.
Descobri que a maioria das personalidades fortes de quem
me rodeia são “fachadas” de inseguranças, interrogações, dificuldade em gerir
emoções e decisões, pessoas com desiquilibrios, desenraizadas, em autênticos
curtos-circuitos mentais…zangadas não sei bem com quê e à procura constante
também não sei de quê. E essas personalidades tão fortes que por vezes parecem
derrubar os outros só com breves palavras, afinal…às vezes vejo-as diante de
mim a respirar fundo e a pedir um conselho.Elas que parecem dominar o mundo a
solicitarem o auxílio de alguém pacato que vai aprendendo a viver sem
psicólogos, sem psiquiatras, sem religiosidade, sem fármacos, sem grupos de
ajuda, …quase sempre sózinha!!!!!Outras vezes essas personalidades, contraditoriamente não têm personalidade! Sim porque a honestidade e a consciencia não são pertença de todos! Há muita gente sem caracter, pretensamente "exemplar"e pronta a apontar o dedo.Também aprendi que o velho ditado "só fala quem tem que se lhe diga!" é bem verdadeiro. Normalmente quem rapidamente julga os comportamentos alheios...ui, está cravado de incoerencias, de grandes faltas de carácter mas pleno de pretensiosismo e arrogância.
Às vezes senti-me frágil, dominada, dependente, submissa,
achando eu que tudo era uma personalidade fraca. Ah como estava enganada! Eu
fraca? Tenho muitas feridas que espero não as deixar agravar com o tempo, já que comigo o tempo joga ao contrário nestas questões. Tenho momentos de fraqueza, sou humana!
Caracterizaram-me há pouco como alguém de afectos
estáveis ,com sentido de família a par de uma aceitação do outro algo
invulgar (“tolerante”).Considero-me uma pessoa humilde mas humildade em demasia
pode parecer falsa modéstia…e eu tenho que convir que concordo com estas
adjectivações. Sendo alguém assim com esta sensibilidade, é evidente que tenho vivido
muita tristeza na vida. A desilusão provoca-me um grande mal estar. Não gosto de
me desiludir porque quem entra no meu coração, dificilmente de lá sai. Esse é um
grave problema “cardíaco” que tenho, que em muitas situações é um enorme bem. E
por isso tenho amizades de há “séculos” que me reencontram e dizem que sou de
facto especial.Mas na vida não lidamos só com pessoas de bem!É pena!
Vou tendo oportunidade de conhecer gente equilibrada e bem formada Personalidades afáveis com quem sabe bem estar.
Pessoas de grande formação académica mas de grande carácter e simplicidade que não precisam estar “escudadas”
numa personalidade forte que subjuga os outros. Pessoas fantásticas que sabem valorizar o que é
importante e o lugar de cada coisa. Pessoas
da minha idade que apesar do percurso de vida, de se considerarem cidadãos do
mundo porque ficaram desenraizados muito jovens e viveram em diversos países. São pessoas com um discernimento
enorme, com uma exemplar experiencia de mundo mas com a tranquilidade de quem constroi, quem caminha cuidando dos que consigo vão caminhando. Porque o bom e o saboroso da vida, o que lhe dá real sentido, não é
definitivamente o egoísmo, o prazer pessoal, o poder, a novidade, as habilitações, o dinheiro, as propriedades, um percurso
profissional brilhante, uma ânsia de ser importante, uma pseudo intelectualidade
ou pseudo modernismo. O que é verdadeiramente bom na vida,seja qual for o nosso contexto, são
de facto as pessoas, a família que construimos, o cuidado pelo verdadeiro amor ,a admiração
reciproca, aquilo que estamos a viver com alegria e que pode também fazer os
outros felizes. A ajuda que damos. As marcas positivas que deixamos nos outros.
Antes me quero com personalidades fracas!
Oxalá 2014 seja mais doce!